Áudios apontam ameaças e manipulação de jogos em estaduais

Áudios apreendidos pela Operação Penalidade Máxima, mostram aliciamento e ameaças a Romário, pivô do caso de manipulação de resultados na Série B do Brasileirão 2022.

Áudios apontam ameaças e manipulação de jogos em estaduais

Neste fim de semana tivemos acesso a um novo capítulo da operação que investiga casos de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Com isso, mais jogadores acabaram sendo expostos e ao que se sabe, mais competições estavam entre os alvos dos aliciadores.

Então, confira abaixo tudo que se sabe e o que há de novo na Operação Penalidade Máxima.

Como tudo se iniciou

Segundo investigações, um grupo de apostadores liderado pelo empresário Bruno Moura, contatou quatro jogadores para cometerem pênalti no primeiro tempo de três partidas da Série B do Brasileiro de 2022.

Assim, Bruno contatou os jogadores, Matheusinho, na época no Sampaio Correia, Romário e Gabriel Domingos do Vila Nova e Joseph da Tombense. E a partir daí, o pênalti deveria ser cometido ainda no primeiro tempo e cada jogador receberia R$150 mil reais, sendo R$10 mil de entrada.

Mas, das três partidas, a partida do Vila Nova acabou não tendo a penalidade marcada. Então, a operação feita pelo grupo de Bruno Moura acabou não dando certo e o seu grupo deixou de ganhar cerca de R$2 milhões.

Com isso, a operação acabou dando red, o que fez com que Bruno passasse a ameação Romário.

“Ninguém é de apavorar ninguém. Só que o cara é do Primeiro Comando, o cara é o certo pelo certo. A partir do momento que ele perder 50 centavos, ele já vai atrás com dois pés na porta. Agora, imagina R$ 500 mil…”, falava Bruno em mensagem enviada a Romário.

Dessa forma, Romário  recorreu ao Presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo. Quando Hugo soube da manipulação, rapidamente fez a denúncia junto ao Ministério Público de Goiás.

Assim, se deu início a investigação que recebeu o nome de “Penalidade Máxima”, e tinha os quatro jogadores e Bruno Moura como principais investigados. Mas, segundo investigações a máfia era bem maior, e vamos detalhar para você a seguir.

Além dos quatro jogadores, mais alguns atletas receberam propostas

Além dos quatro jogadores que citamos acima, alguns outros atletas também receberam propostas, mas rechaçaram. Foram eles, os jogadores, Riquelme, Jean Cândido, William Formiga e Van Basty.

Segundo investigações, o jogador Gabriel Domingos tentou persuadir os jogadores, mas todos os atletas rechaçaram a proposta. Nos áudios apreendidos, as ofertas giravam entre R$50 e R$200 mil reais.

Então, é muito mais fácil, irmão, você pegar e arrumar um jogador para fazer a parada amanhã. Amanhã é a última rodada, ninguém tem nada a perder, certo? Arruma um cara para fazer. Até mesmo você se fortalece. “Cê” ganha uma comissão, ofertava Bruno Moura.

Dessa forma, Romário na época jogador do Vila Nova, recebeu um valor de entrada de R$10 mil reais, assim como os demais jogadores. O restante do montante seria pago ao fim das partidas e com o sucesso da operação.

Assim, a investigação aponta oito jogadores como suspeitos de participação nas manipulações das partidas. São eles:

  • Romário – ex-Vila Nova, atualmente sem clube;
  • Joseph- Tombense;
  • Mateusinho – ex- Sampaio Corrêa, atualmente no Cuiabá;
  • Gabriel Domingos – Vila Nova;
  • Allan Godoy – Sampaio Corrêa;
  • André Queixo – ex- Sampaio Corrêa, atualmente no Ituano;
  • Ygor Catatau – ex- Sampaio Corrêa, atualmente no Sepahan, do Irã;
  • Paulo Sérgio – ex- Sampaio Corrêa, atualmente no Operário-PR;

Os jogos investigados são Vila Nova x Sport, Sampaio Corrêa x Londrina, Criciúma x Tombense. Em áudios, pôde-se ver comemorações a cada pênalti que era cometido com sucesso.

– Vamos Joseph!! Cachorro do Mangue!! hahaha – disse Bruno em uma das gravações

– Esse é sanguinário. Tem que pagar com gosto – comemorou outro membro do grupo.

Mas, ao que se sabe, o zagueiro Joseph recebeu somente os R$10 mil iniciais, visto que a operação não foi concluída por conta do pênalti não marcado no jogo do Vila Nova.

Conversas no WhatsApp foram determinantes na investigação

Segundo investigação, conversas no aplicativo WhatsApp foram determinantes para encontrar novos caminhos para a investigação. Além disso, as conversas deixavam o golpe bem mais claro.

Assim, em análise feita no celular do lateral direito Matheusinho, ficou evidente a existência de um grupo em que cinco jogadores do Sampaio Corrêa conversavam sobre valores que não foram pagos com o insucesso da operação.

O Cuiabá, atual clube do atleta ainda não se manifestou mediante aos novos fatos que envolvem o jogador no golpe da manipulação de resultados,

Aliciadores visavam também os estaduais

Entre todas as provas recolhidas e materiais apreendidos, muitos deles indicam que o grupo visava manipular resultados de partidas dos campeonatos estaduais de 2023.

Em áudio, Bruno Moura, suspeito de ser o cabeça do grupo, enviou a seguinte mensagem:

O Mineiro para amanhã já está fechado. E o Gaúcho para segunda também.

Advogado de Bruno nega que seu cliente tenha ligação com organizações criminosas e ameaças a Romário

“O Bruno absolutamente nega a existência de uma organização. Não existe de fato núcleos autônomos, que seriam responsáveis por determinadas funções, como é mencionado pelo Ministério público. O Bruno não aponta em momento nenhum, pelo contrário, nega a existência de sócios, pessoas efetivamente ligadas a ele para qualquer atitude ilícita, como também ele. Ele afirma veementemente a inexistência de uma chefia por sua parte”, comentou Ralph Braga, advogado de Bruno.

Aliás, Bruno foi preso, mas a justiça decidiu que o mesmo poderia aguardar as investigações em liberdade. A sócia de sua empresa também está entre os investigados na operação.