Entenda como as plataformas são vítimas em casos de manipulação

Entrevista de Bruno Lopez, apontado como líder das manipulações de resultados do futebol brasileiro, à Veja, mostrou como quadrilha trabalhava para prejudicar as casas de apostas e manipular resultados dos jogos.

Entenda como as plataformas são vítimas em casos de manipulação

Na última terça-feira, 28, tivemos início a fase III da Operação Penalidade Máxima, liderada pelo Ministério Público. Nesta fase, como noticiamos anteriormente, várias partidas estão entre as investigadas, incluindo, jogos do Flamengo e também do Goiás.

E nesta semana, o empresário Bruno Lopez, deu entrevista exclusiva à revista Veja e detalhou como funcionava o esquema que manipulava os resultados de partidas do futebol brasileiro. Segundo Bruno, um dos golpes chegou a lhe dar um lucro de R$720 mil.

Quem é Bruno Lopez?

Bruno Lopez é apontado como o líder do grupo criminoso, mas segundo ele, sua função no esquema era apenas de “intermediador”. Bruno, conhecido popularmente como BL, é jogador de futsal e possui uma empresa que agencia a carreira de atletas. O empresário também é acusado de falsificar a assinatura de uma carta para que um jogador representado por ele treinasse no Corinthians.

O empresário afirma ter jogado no Palmeiras Sub-17, mas o clube nega. Ainda afirma que atuou profissionalmente pelo Operário AC-MS, mas seu contrato durou apenas uma semana e não houve jogos nesse período, o mesmo aconteceu em seu contrato de 3 meses com o São Bernardo, onde também nunca atuou.

“Confirmei os crimes e assumi meus erros. Toda a verdade já estava no meu celular, mas eu precisava confirmar tudo o que já tinha lá, além de mostrar para todo mundo que eu não era o líder coisa nenhuma”, afirmou BL, à Veja.

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Bruno Lopez segue em liberdade por ter colaborado com investigação

BL chegou a ser detido, mas foi solto por colaborar com as investigações. Atualmente, estão presos o ex-jogador Romarinho e o empresário Thiago Chambó, apontado por Bruno como o verdadeiro líder da quadrilha.

Bruno ainda comentou que sofreu um golpe no valor de R$100 mil, em partida do Atlético Goianiense, e por isso, aliciou mais um atleta a fim de recuperar o prejuízo.

“Conseguimos fazer a primeira aposta que deu certo. Foi o start e ganhamos R$ 720 mil numa rodada”, acrescentou.

Segundo ele, Thiago Chambó sempre citava jogadores famosos no esquema, como um do São Paulo e outro que tinha jogado muito tempo no Corinthians.

 ” O Thiago tinha as contas nas casas e usava um robô para fazer as apostas. É um sistema que ele disse ter comprado em Dubai e que era operado por um rapaz de apelido ‘Nerd’ [seu nome é Pedro Rimes da Silva]. O Nerd pegava um grupo de quatro atletas e fazia trinta, quarenta apostas múltiplas e simultâneas. Para não atrapalhar a jogada do robô, o Thiago pedia para ninguém fazer apostas manuais, sob risco de inviabilizar o esquema. Uma vez eu fui tentar fazer uma dessas apostas manualmente e o sistema limitou. Só aí fui entender como o sistema funcionava”, explicou Bruno Lopez sobre o esquema, à reportagem da Veja.

Como funcionava o esquema?

Ainda segundo BL, ele foi procurado por pessoas de outros países que procuravam aplicar os mesmos golpes. Segundo ele, “tem muita gente fazendo” e “isso nunca parou”. Bruno ainda destacou na entrevista que decidiu fazer apostas “por fora” em conjunto com o ex-jogador do Vila Nova, Romarinho.

“O Thiago me passava somente os resultados e os valores. Se ele dissesse que rendeu R$ 70 mil, por exemplo, quem garante que não poderia ser mais? Eu não tinha acesso ao recebimento. O Thiago fazia os pagamentos picados, de R$ 20 mil, R$ 30 mil, por dia. Eram saques de várias contas das casas de apostas, mas eu não tinha acesso. Os sinais para os jogadores variavam de R$ 5 mil a R$ 10 mil. As ofertas totais eram de R$ 50 mil, R$ 60 mil. Mas o problema é que os pagamentos demoravam muito. E quando as apostas davam errado ele não pagava. E quem era cobrado era eu”, completou Bruno Lopez, à Veja.

Durante todas as investigações, ficou explícito que as casas de apostas não tiveram nenhuma ligação com os crimes, já que eram as grandes prejudicadas.