Entrevista
Entrevista com Fábio Guilherme
O futebol americano é o esporte com mais popularidade e receita nos Estados Unidos e a principal causa dessa explosão é a National Football League, a famosa NFL.
O futebol americano é o esporte com mais popularidade e receita nos Estados Unidos e a principal causa dessa explosão é a National Football League, a famosa NFL.
Criada em 1869, a liga de futebol americano mais famosa do mundo expandiu os seus horizontes ao passar dos anos e agora a liga está olhando para fora da país como forma de continuar a crescer, realizando jogos na Inglaterra e no México, além de expandir sua presença em países com bom mercado consumidor como o Brasil e a Alemanha.
No Brasil, os números de fãs do esporte mais que dobrou nos últimos cinco anos. Segundo dados do Sponsorlink, maior pesquisa especializada em esportes do mundo do IBOPE Repucom, o número de brasileiros conectados que se declaram fãs de futebol americano passou de 15,2 milhões de pessoas, em 2016, para 33 milhões, em 2021, um crescimento de 117% nos últimos 5 anos.
Foto: NFL
Com um crescimento na popularidade do esporte no país, cresce também os olhares para o mercado de investimentos esportivos. E para falar deste mercado, nós trouxemos aqui uma entrevista com um dos maiores tipsters de futebol americano do Brasil, Fábio Guilherme.
Fábio, ainda em crescimento, o futebol americano ainda não ganhou um lugar entre os esportes mais populares do Brasil. Então como foi que começou a despertar um interesse em você por este esporte?
Sempre fui muito ligado a esportes, desde criança. A NBA foi a primeira liga norte-americana que comecei a acompanhar, e com o passar do tempo fui percebendo que apesar do basquete ser gigante por lá, estava longe de ser tão popular quanto a NFL. E aí fui atrás de entender o motivo do futebol americano ser o esporte número 1 do país, e aí foi paixão à primeira vista. Comecei a acompanhar a NFL em 2007, não tinha nem 10 anos de idade, e desde então é algo que me fascina.
Você pratica ou já praticou profissionalmente o esporte?
Aqui no Brasil, apesar do esporte já ter evoluído bastante tanto dentro quanto fora de campo, ainda não temos um time 100% profissional, com todos os jogadores recebendo salário e vivendo disso. Temos alguns jogadores que recebem, inclusive alguns estrangeiros que vem para disputar a liga brasileira, mas ainda não é algo profissional nesse sentido. Mas já joguei pelo João Pessoa Espectros, entre 2014-2016. Fomos campeões brasileiros em 2015, com quase 10 mil pessoas no estádio Almeidão, e foi algo que vou lembrar pra sempre. A experiência em si, em praticar o esporte e, como quarterback, ter que saber de todos os detalhes tanto ofensivos quanto defensivos, me ajudou bastante nas apostas esportivas.
Antes de começar a acompanhar a NFL, você acompanhava ativamente outro esporte?
Sim, a NBA. Sempre gostei bastante de basquete, do formato da NBA, de como a liga promove seus astros, e já trabalhei como tipster na liga. No segundo semestre é sempre complicado acompanhar pois a NFL acaba sendo meu grande foco, mas assim que passamos pelo Super Bowl, já tento me atualizar da temporada para acompanhar o restante do calendário.
E quando foi que você pensou em começar a investir no seu conhecimento em futebol americano?
Quando comecei a acompanhar a NFL, não só me apaixonei pela liga, mas também pelo Pittsburgh Steelers, uma das equipes. E quem acompanha as ligas americanas, acaba acompanhando muito também o lado jornalístico que essas ligas oferecem, que é sempre muito bem feito. E eu sempre tive um lado jornalístico, e por volta de 2009 acabei fazendo um blog chamado “Steelers Brasil”. Em meio às notícias e artigos que eu escrevia, comecei também a escrever prognósticos e palpites para os jogos da rodada, até que meu amigo – também apostador – Vinicius Veiga me disse que o Quero Apostar estava com uma vaga para escrever sobre a NFL, em 2012. E as coisas começaram a clicar. Como eu já curtia demais aprender tudo sobre as equipes e sobre a liga, corri pra aprender tudo sobre as apostas esportivas. Eu já fazia o trabalho de picks no Steelers Brasil, mas era muito limitado a moneyline ou handicap. Ter o Thiago Pessoa me mentorando também foi algo absurdo, pois eu entrei no QA bem “cru” com relação às apostas esportivas, e fui aprendendo toda a base com ele. Então tem muitos erros que iniciantes costumam cometer, que eu acabei pulando pois eu já comecei com o Tiquinho do lado. E aí já se passaram 10 anos.
O início no mundo dos investimentos esportivos não é um ‘mar de rosas’. Como foi para você?
Como eu disse, consegui pular muitas etapas negativas que apostadores iniciantes acabam sofrendo para lidar, mas ainda assim é um início complicado. Até hoje, acabo me surpreendendo com alguma situação “nova”, apesar de já ter passado por muita coisa. Então na época, sem ter passado por praticamente nada, errei bastante. O começo é complicado pois, ao meu ver, uma parcela do seu sucesso como apostador também se deve a sua experiência. Não é só saber do esporte, é preciso também saber muito de apostas, probabilidades e valor, e com o tempo você vai criando o seu próprio perfil. Então mesmo você estudando com alguns bons professores que temos no cenário das apostas, uma hora você vai precisar tomar seu próprio caminho. Afinal, é seu jeito de apostar, sua liga, seus métodos, suas análises, seus pensamentos, é você. Então é não desistir nesse início chato, e tornar todo red uma fonte de aprendizado.
Você apostava somente em futebol americano ou também lucrava em outros esportes?
O Quero Apostar já trabalhou com muitos esportes, e eu sempre fui muito interessado em esportes no geral. Então, sempre que o Tiquinho precisava de alguém em alguma modalidade, eu sempre me apresentava pro serviço. Então além do futebol americano, já trabalhei com futebol, basquete, beisebol, hóquei, além obviamente dos eSports, conforme foram ganhando seu espaço nas casas de apostas. E pra te falar, sempre fui lucrativo em tudo. Tive alguns perrengues com futebol, mas foi uma experiência que me ensinou algo que passo para todos hoje: escolha um esporte que você consiga passar 24h por dia assistindo e analisando, e ainda assim estar sentindo prazer naquilo.
O futebol americano também possui diversas possibilidades de mercado, como o futebol por exemplo, nas casas de apostas?
Sim, em algumas casas específicas até mais. Sabemos da força dos Estados Unidos nas apostas, e com futebol americano sendo o esporte mais popular no país, tem casas que são bastante focadas na NFL. O Super Bowl, a grande final, chega a ter apostas no cara ou coroa, duração do hino norte-americano, músicas que serão tocadas no intervalo e até a cor da bebida que vai ser jogada no treinador campeão. Para quem gosta de diversificar os mercados num único esporte, o futebol americano é definitivamente uma ótima opção.
Quais são os mercados mais populares deste esporte?
Os mais populares são moneyline, handicap, over/under, performances de jogadores, método de pontuações, margem de vitória exata e HT-FT.
Geralmente a NFL acontece ao longo de apenas alguns meses durante o ano. Existem outras boas opções para o fã de futebol americano apostar enquanto não tem a NFL disponível?
Infelizmente não. O College Football (liga universitária) e a CFL (liga canandense) acontecem quase que nos mesmos meses da NFL. Quando a NFL surgiu, a liga de baseball ainda era a mais popular nos Estados Unidos, e ele costuma acontecer entre Abril e Novembro, enquanto a NFL acontece entre Setembro e Fevereiro. A NBA e NHL também acontecem na offseason da NFL, então é um calendário que os americanos encontraram para conseguir acompanhar tudo.
Digamos que eu gostaria muito de começar a acompanhar a NFL, mas não sei por onde começar. Como eu poderia começar a entender esse esporte e o formato da liga?
Algo que sempre recomendo, até para quem não entende bem o idioma inglês, é jogar o videogame da NFL, chamado “Madden NFL”. Quando eu era criança, me ajudou bastante a entender as regras, o formato da liga, os jogadores, tudo. Nada supera você sentar na frente da TV e acompanhar os jogos, mas videogame, sites e portais esportivos, livros, também são uma fonte. Quando comecei a acompanhar, era praticamente zero as fontes em português para aprender sobre a NFL, mas hoje em dia já temos tudo que é necessário para alguém conseguir aprender sobre o esporte no nosso idioma.
Você possui um time favorito? E porque?
O Pittsburgh Steelers. Assim que comecei a aprender sobre a NFL, por algum motivo o Steelers sempre me chamava atenção, e conforme fui aprendendo sobre a liga, também fui aprendendo sobre o time. Pittsburgh não é uma cidade grande, a população de 300 mil habitantes é menos da metade da população de João Pessoa, mas é uma cidade que respira o Steelers. A história da franquia é muito rica, é uma equipe com seus próprios valores e tradições, um dos poucos times da liga que ainda tem algo muito “familiar”, talvez pelo fato de ser propriedade da mesma família desde que foi fundada. E dentro de campo, é o time da liga que mais reflete a cidade, o que conecta ainda mais ambas partes. Pittsburgh é conhecida nos Estados Unidos como “Cidade de Aço”, pois no final do século XIX até a década de 1960, Pittsburgh foi o maior polo siderúrgico e o maior produtor de aço do mundo. Steelers sempre prezou em ter boas defesas e ser agressivo, físico. Então depois que mergulhei no time, realmente foi algo que se tornou parte da minha vida.
Qual foi o primeiro jogo da NFL que você assistiu presencialmente?
Foi em 2019, Miami Dolphins e New York Jets no Hard Rock Stadium. Foi na minha sétima temporada no QA, fui com o Tiquinho e foi sensacional, a realização de um sonho. Lembro que na manhã do jogo me emocionei bastante, quando estava revisando os prognósticos que eu tinha publicado da rodada, e vi que eu estava indo pra um daqueles jogos depois de tantos anos escrevendo sobre eles. Sempre que vou pra um jogo, sinto essa mesma emoção.
Você já assistiu diversos jogos no estádio, mas qual deles é o mais memorável para você? Por que?
Tem alguns marcantes. Acredito que a primeira vez que fui no Heinz Field ver o Steelers foi provavelmente o ápice, mas ver Tom Brady, Drew Brees, tive a oportunidade de ver o Rams em Los Angeles no ano que foram campeões, já pude ir a uma rivalidade da NFC East no Metlife Stadium, enfim. Todos os jogos são muito memoráveis e especiais.
Qual a sensação de poder visitar estádios incríveis e acompanhar esse esporte que está cada vez mais crescendo no gosto do brasileiro?
É a realização de um sonho, de verdade. No lado pessoal, lembro quando era criança e sonhava em conhecer os estádios e as equipes da liga, poder vibrar com a torcida do meu time e não sozinho na sala. Hoje com a popularidade do esporte, você consegue facilmente encontrar outros torcedores do seu time na sua cidade mesmo, mas quando comecei a acompanhar, não conhecia ninguém que tivesse sequer ouvido falar da NFL, muito menos que pudesse compartilhar daquele sentimento comigo. No lado profissional, é incrível poder mostrar para todos que é sim possível viver do que você mais ama, se tiver dedicação e força de vontade. Quando estou nessas viagens, recebo várias mensagens de pessoas que também amam a NFL e também estão diariamente trabalhando para chegar nesse nível profissional, onde você consegue ir a estádios para acompanhar suas apostas. Tudo depende de você.
Muitos investidores te consideram o maior tipster brasilero da NFL. Como você lida com isso?
Sendo muito sincero, eu nunca senti pressão alguma. É como quando você vai fazer uma prova, e vai tranquilo por que você estudou para aquilo. Tem muitos investidores high stake que seguram investimentos no primeiro semestre para poder trabalhar comigo na temporada da NFL, que me procuram, e sempre digo que preparação, estudo e vontade não faltam no meu serviço. Ficamos super positivos em várias temporadas nos últimos anos, e não tem uma fórmula mágica ou algo do tipo. Quem me conhece mais de perto sabe que praticamente não tenho vida pessoal no segundo semestre, é 24/7 me dedicando para melhorar meus resultados rodada após rodada. O caminho é ser sempre comprometido em melhorar, em tudo que você faz.
Além de futebol americano, você também é tipster de E-Sports. Quais são as suas especialidades nessa área?
Hoje meu foco maior nos eSports são CS:GO, Dota2 e VALORANT. Já trabalhei e esporadicamente envio operações de League of Legends, Call of Duty, Overwatch, Rocket League e outros que já deu tempo de surgirem e sumirem, mas com CS:GO, Dota2 e VALORANT, consigo trabalhar sem me sentir sobrecarregado. Apesar dos eSports englobarem tudo que é esporte eletrônico, você como tipster acaba tendo que analisar outro jogo, com outro formato, com outro cenário competitivo. Então apesar de eu falar que trabalho com duas modalidades, na prática é como se trabalhasse com vários, pois cada eSport tem seu próprio mundo, apesar de algumas semelhanças.
Ano passado você lançou um e-book denominado ‘Apostando em E-Sports’. Conta pra gente o que podemos esperar deste ebook.
Querendo ou não, o mundo dos eSports ainda é algo novo para muita gente, bem como as apostas esportivas. Nesse eBook uni os dois mundos, trazendo toda a história dos eSports, tudo sobre os principais games, com a aplicação desse conhecimento nas apostas esportivas, com dicas e insights para iniciantes e apostadores mais avançados. Meu objetivo com esse eBook era oferecer uma base para qualquer pessoa que se interesse em entrar no mundo dos eSports nas apostas esportivas, e acredito que ficou bem legal.
O que você espera da próxima temporada da NFL?
Sempre entro numa temporada com um único desejo: que seja melhor que a última. Acaba sendo um mindset, para que tudo que eu faça no dia a dia, seja melhor do que fiz no ano passado. Vai ser minha décima-primeira temporada especificamente como tipster, e eu estou muito empolgado e ansioso. O fato de eu gostar demais do esporte também faz com que eu me dedique muito, então as expectativas são sempre as melhores.
Olhando para trás, qual foi o momento mais difícil da sua trajetória como tipster?
Como tipster, em termos de resultado, provavelmente quando decidi me aventurar pelo futebol. As coisas nem sempre davam certo, eu me estressava, até que eu entendi que a base não era sólida, e a base era meu gosto e a minha vontade pelo esporte. Como tipster aprendi que preciso tirar aprendizado de tudo se eu quiser evoluir, e aprendi que não preciso abraçar o mundo. Posso ser o melhor no que eu mais gosto, e está perfeito.
E qual foi o melhor momento?
É difícil destacar um momento específico depois de tantos anos. Lembro do meu primeiro prognóstico, lembro de poder acompanhar um jogo da NFL com a pessoa que me proporcionou viver aquilo com o Tiquinho, a oportunidade de trabalhar com o Lucas Tylty depois de anos admirando o trabalho dele, e definitivamente a boa fase que vivo nos resultados desde que me tornei parte da Futebol Trade. Aprendi a admirar o processo das coisas, e esse trabalho diário que tipsters fazem por trás dos panos é algo que faço desde os 13 anos de idade e que eu gosto demais.
Existem planos e projetos de Fábio Guilherme para o futuro?
Sempre. Tem muitos projetos que quero tocar em breve, além de poder desenvolver mais livros, criar mais conteúdo, trabalhar mais na Twitch e aprimorar mais meu serviço.
Para finalizar, qual a mensagem você deixa para o fã de futebol americano que deseja ingressar no mercado de investimentos esportivos?
Não perca tempo, não deixe para começar amanhã algo que você poderia ter iniciado desde ontem. A NFL é uma liga incrível, o futebol americano é um esporte viciante, e se você adicionar apostas a essa soma, te garanto que você vai gostar demais. Nada se compara a adrenalina das 17h de um domingo, com vários jogos terminando e as apostas pegando fogo. Quem começa, não para, e é ainda mais gratificante ver muitos clientes crescendo na vida financeiramente graças ao meu trabalho. Dê o primeiro passo.
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