Brasil deve sair da liderança mundial de jogos com suspeita de manipulação

Trabalho conjunto foi crucial para o combate e prevenção

Brasil deve sair da liderança mundial de jogos com suspeita de manipulação

 

Com uma redução de 45% em relação ao ano de 2023, o Brasil deve deixar a liderança mundial do ranking de países com maior número de jogos suspeitos de manipulação. Por dois anos seguidos, o Brasil ocupou o primeiro lugar no ranking mundial.

 

Segundo a Sportradar, empresa de integridade e tecnologia esportiva parceira de 15 federações estaduais, CBF, Conmebol, Uefa e Fifa, a projeção aponta que o Brasil deverá sair desta indigesta posição. A CBF também identificou uma diminuição de 65% no recebimento de relatórios suspeitos em 2024.

 

"Como em quase todo crime, os manipuladores procuram os maiores ganhos com os menores riscos. Temos alguns fatores: há maior visibilidade dos casos, CPI, regulamentação do mercado de apostas, investigações. Temos as ações pontuais, com jogadores conscientes, iniciativas de educação, plataformas de treinamento. Os relatórios mais detalhados para as federações também colaboram porque trazem muitos dados que auxiliam as investigações. Isso tudo afasta manipuladores", afirmou Felippe Marchetti, diretor de integridade da Sportradar no Brasil.

 

Clubes, federações e CBF adotaram medidas de prevenção e combate à corrupção.

 

A CBF em conjunto com clubes, federações e até empresas de apostas, têm adotado práticas e medidas de prevenção e combate à manipulação de resultados. A FAF, Federação Alagoana de Futebol, realizou encontros com capitães, treinadores e dirigentes de clubes da Segunda Divisão do campeonato estadual antes de seu início. Em 2023, o estado teve sete jogos suspeitos de manipulação na Copa Alagoas e um outro possível na segunda divisão deste ano, que ainda está sob investigação.

 

"Estamos tentando ampliar isso, iniciativas outras que não só para a manipulação. Conversamos com outras federações sobre como adotar outras medidas preventivas. Não dá para criar uma lista de atletas suspeitos e encaminhar. Há discussões sobre mecanismo de defesa, mas há questões legais que impossibilitam tomar certas atitudes", comentou Felipe Feijó, presidente da federação alagoana de futebol.

 

Em Minas, a FMF se aproximou do Gaeco e repassa e recebe informações suspeitas de manipulação, fazendo parte de um "sistema de inteligência", junto de autoridades policiais. A Federação Mineira de Futebol também ofereceu treinamento para o Tribunal de Justiça Desportiva e ainda incluiu o monitoramento com a Sportradar, onde a própria pode provocar a varredura de apostas suspeitas.

 

"A primeira coisa é a inteligência, não só correr atrás. A gente consegue saber, com antecedência, os jogos que podem vir a ter manipulação. Naquele da Patrocinense, pela Série D, já sabíamos que teria tentativa, e passamos para CBF, Sportradar e Polícia Federal. As pessoas precisam estar capacitadas para esse problema. Temos compromisso com a integridade. Tivemos uma redução muito grande de possíveis ocorrências", afirmou Gabriel Cunha, diretor de competições da FMF.

 

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Federações também focam na educação dos atletas

 

Em Santa Catarina, a FCF, lançou uma cartilha com orientações e fechou parceria com as federações do Rio Grande do Sul e Paraná para uso da plataforma educativa da Sportradar. Ainda em 2024, o TJD realizou workshops e ainda fechou um acordo com a bet "Rei do Pitaco" por três anos, com o objetivo de monitorar as competições.

 

"O monitoramento fornece informação sobre qualquer nível de suspeita ou irregularidade, ou concentração de apostas numa determinada odd ou partida. Ele identifica automaticamente e informa em tempo real, aí a federação toma a decisão na hora, até de anulação da partida. Não tivemos nenhum processo suspeito neste ano e nem queremos ter", comentou Rubens Renato Angelotti, presidente da FCF.

 

CBF monitora suspeitos

 

Desde 2023, a CBF utiliza os relatório da UIFB, Unidade de Integridade da CBF. A entidade também criou a plataforma 'Passaporte do Futebol" afim de monitorar atletas, árbitros, agentes e clubes suspeitos de manipulação.

 

Atualmente, os dados são compartilhados apenas com o órgão da PF designado pelo Ministério da Justiça. Em breve, os dados estarão disponíveis para todos o Ministério Público Nacional.

 

"Desde a implementação da Unidade, passamos a encaminhar todos os relatórios recebidos dos mais diversos parceiros às autoridades, além de mantermos interlocução permanente com Conmebol e Fifa. Após um período de estruturação interna e de formação, a UIFB tornou-se uma central de inteligência sobre os casos de suspeita de manipulação de competições no futebol brasileiro. Ela não tem poder de polícia ou de requisição. Portanto, colabora para que as autoridades públicas e desportivas sejam permanentemente munidas das informações mais importantes" comentou Eduardo Gussem, oficial de integridade da CBF.

 

🔞 O jogo não é a sua realidade e o resultado de sua aposta não te define como uma pessoa bem ou mal-sucedida. Procure ajuda psicológica e conheça o que é a Ludopatia.