Entenda como o Brasil virou o 5º maior mercado de apostas do mundo em menos de uma década
De proibição total à explosão digital: entenda os fatores que transformaram o país em um dos maiores polos de apostas esportivas
Thaynara Godinho em 22 de outubro de 2025
Em 2025, o Brasil deve faturar US$ 4,139 bilhões (aproximadamente R$ 22 bilhões) no segmento de apostas online, o que o coloca como o quinto maior mercado do mundo para o setor. A estimativa foi divulgada com exclusividade em reportagem da BBC News Brasil, com base em dados da consultoria internacional Regulus Partners, especializada em esportes e lazer.
A liderança global continua com os Estados Unidos (US$ 17,312 bi), seguidos pelo Reino Unido (US$ 9,901 bi), Itália (US$ 4,617 bi) e Rússia (US$ 4,515 bi). É a primeira vez que o Brasil figura entre os cinco maiores mercados da Regulus Partners, até 2024 o país ainda não havia sido considerado nesse ranking, em parte pela ausência de regulamentação plena.
Confira:
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Vários fatores foram combinados para alavancar o setor de apostas online no Brasil:
A abertura do mercado: as apostas online foram legalizadas em 2018, mas só em 2024 ganharam regulamentação efetiva, o que deixou um período de operação praticamente sem regras, segundo o economista Victo Silva, do Harvard Kennedy School.
Infraestrutura digital e bancarização: o uso amplo de meios de pagamento instantâneo como o Pix e o bom nível de acesso à internet facilitaram a entrega das apostas diretamente no celular, sem barreiras físicas.
Demanda reprimida: com mais de oito décadas de proibição quase total dos jogos de azar, o país guardou uma “demanda” por formas de entretenimento que agora pôde ser atendida. “O Brasil tem um regime de proibição quase total de jogos de azar há mais de 80 anos”, apontou o executivo André Gelfi, do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável.
Estratégias agressivas de marketing: clubes de futebol, ônibus, influenciadores e rede social. O setor investiu em ampla visibilidade para se fixar no cotidiano dos brasileiros.
“Aqui é diferente, tudo é pix, é tudo instantâneo”, afirmou o diretor-geral para a América Latina da empresa Entain, ilustrando como a jornada do usuário foi simplificada.
O papel do futebol e da cultura digital
O esporte mais popular do Brasil também se mostrou parceiro das apostas. Entre os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, 18 exibem marcas de casas de apostas em suas camisas. Os cinco maiores contratos de patrocínio entre clubes e operadores somam mais de meio bilhão de reais.
Essa presença intensa funciona em dois papéis simultâneos: divulgação da marca e estímulo direto à atividade de apostar, já que muitos torcedores gravitam naturalmente em torno das partidas, tornando-se potenciais apostadores.
Na prática, a experiência de apostar pelo celular foi desenhada para ser rápida, intuitiva e chamativa, uma “jornada de entretenimento” que se aproxima mais de apps de games do que das tradicionais lotéricas.
Apesar do crescimento vigoroso, o setor enfrenta questões estruturais importantes:
Enquanto o mercado avança, especialistas como Victo Silva alertam para o risco de legitimação excessiva da atividade de apostar, especialmente quando vinculada ao futebol: “Isso passou bastante longe, por enquanto, de uma tentativa de regulação mais responsável [por parte do governo].
A publicidade ainda é vasta, embora a regulamentação em vigor proíba práticas voltadas especificamente para crianças e adolescentes. Um projeto de lei em tramitação prevê restrições adicionais, como proibição de patrocínio por influenciadores ou atletas, mas aguarda aprovação na Câmara.
O mercado ilegal permanece relevante. Estimativas apontam que o Brasil perde cerca de R$ 11 bilhões por ano com apostas online fora do controle regulamentado, mercado que opera sem verificação de identidade, sem proteção ao usuário e sem tributação.
E agora? O que este ranking representa?
O fato de o Brasil ter entrado no top 5 do setor mundial de apostas online é, por um lado, um reflexo da maturação digital e da adaptação rápida à nova economia do entretenimento. Por outro, sinaliza que o país, com suas singularidades culturais, tecnológicas e de mercado, virou palco decisivo para operadoras globais, que enxergam aqui uma combinação de massa, velocidade e infraestrutura.
Mas esse avanço traz também responsabilidades: as políticas públicas, a prevenção ao vício, a regulação da publicidade, a fiscalização do mercado ilegal e o equilíbrio entre liberdade de entretenimento e proteção social estarão no centro do debate dos próximos anos.
Se o Brasil continuar na trajetória atual, o setor de apostas online segue em expansão, com crescimento anual estimado pela própria Regulus para algo em torno de 18% até 2030.
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