Nova regra para casas de apostas pode gerar multas bilionárias e até perda de licença
A Portaria SPA/MF nº 1.231/2024 mudou o jogo para as casas de apostas no Brasil exigindo responsabilidade social, transparência e proteção ao jogador
Thaynara Godinho em 28 de julho de 2025
Antes da nova legislação, a responsabilidade das operadoras com o chamado "jogo responsável" não era tratada com o devido rigor. Isso mudou com a Lei 14.790/2023, que passou a exigir das empresas políticas específicas para prevenção ao vício em apostas e proteção aos usuários. Para regulamentar essas exigências, o Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), publicou a Portaria 1.231.
“O jogo responsável agora é uma obrigação legal clara, e a portaria estabelece um conjunto amplo de deveres para os operadores licenciados”, explica Ricardo Feijó, advogado especializado em regulação de jogos e cofundador do projeto Aposta Responsável.
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O que mudou na prática?
Com a Portaria 1.231, os operadores devem adotar diversas ferramentas e condutas obrigatórias. Entre as principais exigências estão:
Avisos claros sobre os riscos de dependência e perdas financeiras no momento do cadastro do jogador;
Ferramentas de controle pessoal, como autolimite de tempo ou valor apostado, e a possibilidade de autoexclusão;
Monitoramento do comportamento do apostador, com alertas automáticos e bloqueios em casos de risco de vício;
Testes de autoavaliação, canais de apoio psicológico e informações de forma clara e acessível;
Transparência nos retornos das apostas, com divulgação da taxa de retorno teórico ao jogador (RTP).
Além disso, as casas são obrigadas a participar de campanhas educativas e a promover ações de conscientização sobre os riscos do jogo.
Governança mais rígida
A legislação também exige mudanças na estrutura interna das operadoras. Cada casa de apostas deverá nomear um diretor exclusivo para Jogo Responsável e Compliance, que responderá diretamente ao Ministério da Fazenda. Esse diretor será pessoalmente responsabilizado em caso de descumprimento das normas.
As operadoras também precisam contar com uma equipe interna dedicada à implementação e fiscalização dessas políticas.
Multas pesadas e sanções duras
O descumprimento das obrigações pode custar muito caro. A multa prevista vai de 0,1% a 20% sobre o GGR (lucro bruto das apostas) da empresa, com valor mínimo igual ao ganho obtido de forma irregular e teto de R$ 2 bilhões.
As penalidades para a empresa incluem:
Advertência;
Multa;
Suspensão parcial ou total das atividades;
Cassação da autorização de operação;
Proibição de voltar ao mercado por até 10 anos.
Já os diretores e administradores podem ser proibidos de atuar no setor por até 20 anos.
Falhas que podem custar a operação
Segundo Ricardo Feijó, muitas operadoras ainda descumprem as exigências mais básicas: “Alguns sites sequer oferecem ferramentas eficazes de autoexclusão ou dificultam o acesso ao questionário de autoavaliação. Essas falhas podem gerar autuações e, em breve, bloqueios.”
A SPA já indicou que o jogo responsável será prioridade na fiscalização. “Esse é o foco central da regulamentação: proteger os apostadores e evitar vícios e superendividamento”, reforça o advogado.
Publicidade sob novas regras
A publicidade também está na mira da Portaria. Agora, toda campanha de marketing deve conter:
Alerta de faixa etária (proibido para menores de 18 anos);
Mensagem clara sobre os riscos do jogo patológico;
Linguagem responsável, sem promessas de lucro fácil;
Opção para o usuário escolher se quer ou não receber material publicitário.
É proibido, por exemplo:
Sugerir que apostar é um caminho para a riqueza;
Apresentar apostas como solução para problemas financeiros;
Usar conotação sexual ou personagens infantis nas peças;
Induzir crianças ou adolescentes ao jogo, direta ou indiretamente.
A maioria das grandes operadoras já se adequou às exigências mais objetivas, mas ainda há abusos em pontos subjetivos, como o estímulo ao jogo excessivo.
Brasil se alinha a padrões internacionais
Na comparação com outros mercados regulamentados, a legislação brasileira é considerada avançada e rigorosa. Segundo Feijó, o país está adotando boas práticas globais com foco na integridade do mercado e na proteção do consumidor.
“O desafio é grande para os operadores, mas o objetivo é claro: consolidar um ambiente saudável e seguro para o apostador.”
Próximos passos: fiscalização mais rígida
Nos próximos meses, espera-se uma atuação mais firme da SPA para garantir que as normas estejam sendo cumpridas. “As casas que ainda não se adequaram precisam correr contra o tempo. As penalidades são duras e as margens para interpretação, cada vez menores”, alerta Feijó.
Além disso, um levantamento feito por projetos como o Aposta Responsável já aponta recursos mal implementados ou ausentes em várias operadoras, como a ausência de QR Codes visíveis para testes de autoavaliação e falta de monitoramento de comportamento compulsivo.
🔞 O jogo não é a sua realidade e o resultado de sua aposta não te define como uma pessoa bem ou mal-sucedida. Procure ajuda psicológica e conheça o que é a Ludopatia.
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