Pesquisa: 40 milhões de brasileiros já jogaram online e parte enfrenta dívidas e ansiedade
Quase um terço dos apostadores compromete a renda com jogos e o vício tem provocado impactos financeiros e emocionais
Thaynara Godinho em 6 de novembro de 2025

O número de brasileiros que realizaram apostas ou jogaram online nos últimos 12 meses impressiona: segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, cerca de 40 milhões de pessoas se envolveram com esse tipo de atividade no período.
O estudo, divulgado nesta quarta-feira (05), indica que o avanço das apostas esportivas e jogos de cassino online reflete uma mudança de comportamento de consumo, mas também levanta preocupações sobre riscos financeiros e emocionais entre os usuários.
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De acordo com o levantamento, os principais fatores que levam os brasileiros a apostar são a curiosidade (35%), o desejo de ganhar dinheiro rapidamente (22%) e a busca por entretenimento (22%).
A frequência é alta: 24% apostam semanalmente, 18% de duas a três vezes por semana e 11% fazem apostas diariamente. O Pix é o meio de pagamento mais usado (76%), seguido pelo cartão de crédito (11%). O gasto médio mensal com apostas é de R$ 187, chegando a R$ 255 entre as classes A e B.
O crescimento do setor trouxe efeitos preocupantes: 19% dos apostadores admitiram comprometer a renda com jogos, e 41% afirmaram ter deixado de consumir produtos ou serviços para continuar apostando. Entre as despesas mais afetadas estão alimentação fora de casa (15%), internet (12%) e supermercado (12%).
Além disso, 17% deixaram de pagar contas para continuar jogando, e 29% tiveram o nome negativado por dívidas ligadas às apostas, sendo que 17% ainda estão nessa situação.
Os efeitos não se restringem à parte financeira. Segundo a pesquisa, 28% dos jogadores relataram consequências negativas em suas vidas pessoais. Entre os principais impactos estão irritação (8%), endividamento (8%), conflitos familiares (8%) e problemas psicológicos, como ansiedade e depressão (8%).
Há também reflexos na produtividade: 7% dos entrevistados afirmaram ter perdido desempenho no trabalho ou nos estudos.
O levantamento mostra que 28% dos apostadores já tentaram conseguir dinheiro para continuar apostando — por meio de empréstimos (17%), adiantamento de salário (8%) ou até venda de bens pessoais e familiares (7%).
Apesar disso, 37% tentaram reduzir ou parar de apostar, mas não conseguiram, e apenas 21% buscaram ajuda, principalmente em igrejas, com familiares ou profissionais de saúde.
A pesquisa também analisou como o público enxerga o mercado de apostas. Quase metade dos brasileiros (46%) afirmaram conhecer alguém próximo que teve problemas com jogos online.
Entre os pais, 9% disseram que adolescentes da família, entre 12 e 18 anos, já se envolveram com apostas, o que gerou mentiras (22%), ansiedade (18%) e perdas financeiras (15%).
A publicidade também é alvo de críticas: 60% dos entrevistados veem de forma negativa a presença de celebridades e influenciadores digitais promovendo plataformas de apostas, e 41% já deixaram de seguir esses criadores de conteúdo.
Entre as medidas mais defendidas pelos brasileiros estão:
Campanhas de conscientização sobre o vício (44%);
Proibição de publicidade com famosos (41%);
Restrições de marketing voltado a jovens (35%);
Educação sobre o tema nas escolas (30%);
Aumento de impostos sobre apostas (27%).
Mesmo com as preocupações, 56% dos entrevistados acreditam que as apostas devem continuar permitidas, desde que haja regras e fiscalização rigorosas.
O presidente da CNDL, José César da Costa, afirmou que os dados reforçam a urgência de políticas públicas voltadas à proteção dos consumidores. “O alto índice de endividamento e os impactos na saúde mental mostram que essa ‘diversão’ pode se transformar em um problema social. A regulamentação precisa priorizar o bem-estar das famílias, e não apenas a arrecadação”, disse.
Já o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, destacou que o endividamento crescente mostra como o jogo deixou de ser apenas entretenimento: “A facilidade de apostar com crédito e empréstimos aumenta o risco de perda de controle financeiro. É necessário equilíbrio entre crescimento do setor e responsabilidade social.”
fontes: a Pesquisa Jogo Online foi realizada entre 13 e 25 de junho de 2025 com 800 respondentes que realizaram compras online no último ano. A margem de erro é de 2,96 pontos percentuais, e os resultados foram ponderados por sexo, idade, região e renda.
🔞 O jogo não é a sua realidade e o resultado de sua aposta não te define como uma pessoa bem ou mal-sucedida. Procure ajuda psicológica e conheça o que é a Ludopatia.
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