Justiça bloqueia mais de R$ 100 milhões de site de apostas e investiga influenciadores ligados a jogos de azar na internet

Após indícios de apostadores não receberem seus prêmios, polícia de São Paulo deu início a uma investigação que inclui influencers que divulgam jogos online e jogos ilegais. 5 foram presos nesta segunda-feira em Belém.

Justiça bloqueia mais de R$ 100 milhões de site de apostas e investiga influenciadores ligados a jogos de azar na internet

Com toda movimentação no PL da regulamentação das apostas e a retirada de jogos online e cassinos do PL, esses "joguinhos", passaram a ficar em evidência. Isso acontece por diversos fatores, promessas de prêmios milionários e também por conta de reclamações do não recebimento de tais prêmios.

Um dos casos mais recentes foi do "Jogo do tigre", que apesar de ilegal, viralizou nas redes sociais por conta de divulgação de influencers digitais. O jogo fez várias vítimas, que perderam valores em dinheiro por todo o país, o que inclusive, levou a prisão de influenciadores que promoviam o jogo.

Nesta segunda-feira, 5 influencers digitais foram presos em Belém por envolvimento com o jogo

O jogo do tigre vem sendo investigado em todo país e nesta segunda-feira, 18, mais 5 influencer foram presos em operação que investiga uma organização criminosa envolvida em jogos ilegais de azar na internet. Todos os influenciadores digitais faziam divulgação do "Jogo do Tigre" na internet e tiveram os mandados cumpridos em condomínios de luxo em Belém e em uma casa de prostituição.

Blaze tem mais de R$100 milhões bloqueados pela Justiça de São Paulo

E a justiça de São Paulo tem trabalhado firmemente na prevenção de ocorrências como a que citamos acima. Como parte deste trabalho, a justiça bloqueou mais de R$100 milhões da famosa casa de apostas Blaze.

Os valores foram bloqueados após investigação apontar indícios de  não pagamento dos prêmios aos jogadores. Muitas das reclamações se dão ao "Crash", conhecido popularmente como "Jogo do Aviãozinho", que é um dos principais jogos da plataforma.

"Teve um dia que eu vi que estava pagando bastante, eu falei: 'vou colocar um valor de R$ 2.800 na plataforma'. Eu tive um retorno de R$ 98 mil. Quando eu fui tentar realizar o saque desses R$ 98 mil, eles colocaram que eu fraudei a plataforma e tiraram o dinheiro da minha conta", denuncia uma das vítimas em entrevista ao Fantástico no último domingo, 17.

 

Como funciona o Crash?

No game, conforme o avião voa, o valor da premiação vai aumentando, enquanto ao apostador, cabe a decisão de parar o vôo e obter os lucros. Porém, se antes de parar o vôo, aparecer a palavra "Crashed", o valor investido é perdido.

 

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Esse e outros jogos oferecidos pela Blaze, são ilegais no Brasil e as punições para a prática abragem empresas, apostadores e também aos divulgadores, que normamente se tratam de influencers digitais.

Assim, além do bloqueio de mais de R$100 milhões da plataforma, a Justiça de São Paulo ainda determinou que o site fosse novamente retirado do ar. Como noticiamos aqui, o site já havia sido retirado do ar no estado, mas a justiça determinou que o site voltasse a operar normalmente após ação da empresa.

Como a empresa não possui sede oficial no país, a polícia encontra bastante dificuldade em chegar aos responsáveis legais. Além disso, os relatórios financeiros presentes no inquérito indicam que uma parte do dinheiro arrecadado pela empresa é destinadas a três brasileiros, que seriam donos ocultos da empresa.

"Eu cheguei a ganhar muito dinheiro, mais de R$ 100 mil. Eu consegui sacar R$ 20 mil. O resto ficou tudo lá ficou lá. E era uma manipulação atrás da outra", denunciou outras das vítimas.

 

Empresa se manifestou perante as ações da Justiça

Advogados contratados pela plataforma de apostas alegam que em nenhum momento a atividade da empresa fere ou infringe alguma lei, por ter sua sede em Curaçao e mesmo que seus apostadores sejam brasileiros.

Influenciadores ligados aos jogos também são alvos de investigação

Todos os influencers que divulgam ou divulgavam a Blaze são alvos de investigação da Justiça de São Paulo. A lista de influenciadores digitais que tem ligação com a empresa tem nomes de peso como: Viih Tube, Juju Ferrari, Mel Maia, Jon Vlogs, entre vários outros. 

Nas redes sociais, o influenciador digital Carlinhos Maia comentou sobre a reportagem feita pela Rede Globo no Fantástico, seu programa informativo semanal. 

"Pra você que tá em casa: se você não tem cabeça, não jogue! Se você não consegue se controlar na cachaça, não beba! O mundo, as pessoas, sempre vão estar influenciando você pra alguma coisa. Se eu disser: 'pule do penhasco’, você vai pular porque eu tô dizendo a você? Não! Vai dizer, 'ah me influenciou'. Eu não jogo. Eu divulgo, mas não jogo'", afirmou.

A afirmação do influenciador não foi bem aceita por parte do público. No X (antigo Twitter), o perfil Guia das apostas comentou sobre a alegação do influencer.

Eu sei que não são o mesmo público. O nosso público é infinitamente mais qualificado em relação às apostas esportivas do que os seguidores do Carlinhos Maia. Dito isso, vocês precisam parar de achar que todo mundo é vítima. As pessoas têm celulares, internet, seguem pessoas no Instagram, assistem todos os stories, fazem absolutamente tudo online. Aí na hora de ver propaganda prometendo dinheiro fácil em "jogo de aviãozinho" ninguém se presta a fazer uma breve pesquisa? Por favor. Os influenciadores que divulgam jogos de azar como "renda extra" podem e devem ser responsabilizados por isso. Diferente das apostas esportivas, é impossível ser lucrativo a longo prazo com jogo de azar, especialmente os virtuais controlados pela casa de aposta. Mas o público também precisa ser criticado. As pessoas engajam, gostam de se enganar, não procuram o mínimo de informação. Parem de achar que só tem vítima nessa roleta de safadeza", publicou o perfil Guia das apostas no X.