O avanço das apostas online no Brasil levou o governo federal a tratar o tema como uma questão de saúde pública. Em entrevista ao programa Bom dia, Ministro, da Rede EBC, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer teleatendimento psicológico e psiquiátrico voltado a pessoas com dependência em jogos eletrônicos e apostas esportivas.

A iniciativa faz parte de um conjunto de ações coordenadas entre os ministérios da Saúde e da Fazenda para enfrentar o crescimento do comportamento compulsivo relacionado às apostas, fenômeno que tem provocado endividamento, conflitos familiares, adoecimento mental e isolamento social.

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Um dos principais desafios apontados pelo Ministério da Saúde é a baixa procura por ajuda presencial, mesmo diante de sinais claros de dependência. Segundo dados oficiais, cerca de 5 mil atendimentos relacionados a apostas foram registrados neste ano nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), número considerado muito abaixo da dimensão real do problema no país.
 

De acordo com Padilha, a vergonha, o medo do julgamento e a dificuldade de assumir o vício fazem com que muitas pessoas evitem buscar ajuda em unidades físicas de saúde.

“Nosso estudo tem mostrado que as pessoas se sentem mais à vontade de fazer uma consulta com um psicólogo, com um psiquiatra, com esse teleatendimento”, afirmou o ministro.

Teleatendimento como porta de entrada para o cuidado

O teleatendimento surge como uma alternativa estratégica para romper a barreira do silêncio que cerca o vício em jogos. A possibilidade de conversar com profissionais de saúde à distância, em um ambiente mais reservado, tende a facilitar o primeiro contato e ampliar o acesso ao cuidado especializado.

A expectativa do governo é que o modelo remoto funcione como porta de entrada, permitindo a identificação precoce de comportamentos de risco e, quando necessário, o encaminhamento para acompanhamento contínuo na rede de saúde mental.

Plataforma de autoexclusão e bloqueio por CPF

Além do atendimento remoto, o governo federal pretende lançar uma plataforma de autoexclusão, que permitirá ao próprio usuário bloquear o acesso a sites de apostas utilizando o CPF. A ferramenta estará integrada ao aplicativo Meu SUS Digital.

O sistema contará ainda com um teste de identificação de comportamento compulsivo, ajudando o cidadão a reconhecer sinais de dependência. Após o bloqueio, o usuário ficará impedido de realizar apostas, mesmo que continue sendo impactado por publicidade de plataformas de jogos.

Monitoramento e ação preventiva

Outro eixo da estratégia é a criação de um observatório sobre apostas, que irá analisar padrões considerados de risco. Esses dados poderão ser utilizados para acionar equipes de saúde e o teleatendimento, ampliando a capacidade do SUS de identificar pessoas em situação de vulnerabilidade antes que o quadro se agrave.

Para o Ministério da Saúde, o enfrentamento ao vício em apostas exige uma abordagem integrada, que combine prevenção, cuidado em saúde mental, regulação e informação, reconhecendo que o problema muitas vezes se desenvolve de forma silenciosa e cercada de culpa.

Ao apostar no teleatendimento, o governo reconhece que o vício em jogos não é apenas uma questão de escolha individual, mas um problema de saúde que precisa ser tratado com acolhimento e acesso facilitado.

A proposta busca justamente reduzir o estigma, criar caminhos mais acessíveis para o pedido de ajuda e ampliar o alcance do SUS diante de um fenômeno que cresce junto com o mercado digital de apostas no Brasil.

   🔞 O jogo não é a sua realidade e o resultado de sua aposta não te define como uma pessoa bem ou mal-sucedida. Procure ajuda psicológica e conheça o que é a Ludopatia.